A denúncia do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), divulgada nesta quinta-feira (24), revelou os eventos ocorridos durante o treinamento do Corpo de Bombeiros, na Lagoa Trevisan, em Cuiabá, que resultou na morte do aluno Lucas Veloso por afogamento. De acordo com a cronologia apresentada pelo MPMT, o jovem foi impedido de usar um flutuador de salvamento e de sair da água.
Durante a instrução de salvamento aquático, o Capitão Daniel Alves de Moura e Silva, denunciado pelo MP, teria repetidamente ordenado que Lucas soltasse o salva-vidas e continuasse nadando. Quando o aluno tentou buscar o flutuador para descansar, o Capitão ameaçou retirar o equipamento, enquanto o Soldado Kayk Gomes dos Santos, também acusado pelo MP, foi instruído a remover o flutuador de Lucas e aplicar “caldos” (mergulhos forçados).
O documento do MP ainda revela que o aluno apelou para sair da água com gritos de socorro, porém os outros alunos que seguiam no treinamento foram instruídos a continuar nadando, e só perceberam em seguida que Lucas tinha submergido.
O aluno foi retirado da água inconsciente, sofreu uma parada cardiorrespiratória e morreu.
O inquérito que denunciou o caso apontou indícios de crime em três militares envolvidos no caso.
A defesa do Capitão alega que ele está sendo injustamente acusado e que não há provas de intenção de causar dano a Lucas. A defesa do Soldado disse que ainda não teve acesso aos autos para fazer uma declaração. O Corpo de Bombeiros optou por não se manifestar sobre a denúncia.
Em março, o governo de Mato Grosso determinou a obrigatoriedade de gravação dos treinamentos do Corpo de Bombeiros e Polícia Militar.